POR Edson Valente
Nunca estar satisfeito profissionalmente pode ser visto como uma qualidade, mas o exagero na inquietude muitas vezes compromete o desenvolvimento da carreira.
Muitos dos jovens que estão hoje no mercado de trabalho, ao contrário de seus pais – que costumavam ficar a vida toda em uma mesma empresa – , trocam de camisa corporativa com uma frequência que às vezes assusta os recrutadores.
Com o tempo, quem mal esquenta a cadeira e já parte em busca de outro desafio é malvisto nas entrevistas de emprego, mesmo que nunca tenha sido demitido dos lugares em que trabalhou.
“Por mais que ele justifique [para o entrevistador], é complicado explicar muitas mudanças”, sentencia a coach Marcela Buttazzi, sócia-diretora da MB Coaching.
Ela conta que já se deparou com pessoas que, com oito ou mais empresas em dez anos de vida produtiva, começaram a ter dificuldades para se recolocar.
A inconstância, nesses casos, é interpretada como falta de comprometimento ou mesmo de foco, adverte a especialista. “O currículo não passa credibilidade”, define.
E, quando esse profissional deixa de ser contratado, entra em conflito. “Ele leva o problema para si, questiona se escolheu a carreira errada”, diz.
‘BOMBRIL’
Pular muito “de galho em galho” culmina no que a coach chama de funcionário “bombril”: “Faz um pouco de tudo, mas não tem conhecimento agregado”. Depois de um tempo, suas 1.001 utilidades perdem o brilho superficial.
Outro aspecto negativo da multiplicidade de empregadores no currículo é não chegar a posições de liderança. “À medida que se sobe na hierarquia é que aumentam as atribuições e responsabilidades e se aprende a gerenciar equipes. É preciso ter uma maturidade desenvolvida para tanto”, reflete Buttazzi.
A época de experimentar aqui e ali, sintetiza, é aquela em que se estagia. Mas, mesmo nessa fase, não é recomendável ultrapassar a marca de três estágios diferentes.
- Três ou quatro anos é uma boa média de permanência na mesma empresaMarcela Buttazzi, coach
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